sexta-feira, 24 de abril de 2009



Certas vezes o passado toma minha mão e diz:
“Segue-me!”

À aquela parte do tempo que ficou para trás, a tudo o que está no período anterior a este, ao agora, me chama a caminhar consigo...
Dizem ser a presença do passado, no momento presente, um afrouxo das defesas. Mas quem disse que era, ou sou, ou serei forte?
Não me apetece reviver a dor, mas é involuntário que não consiga esquecer.
Lamento apenas que dentre tantos relatos de dias e noites de sofrimento, houvesse momentos de extrema plenitude. Sofrimento e dor deveriam ser descartados da lembrança, deixados a esmo em algum lugar do passado. Perdidos.
Que se houvesse apenas a reminiscência do que nos foi de todo agraciado.
Meu soturno lamento provém do fato de que a sinopse das minhas lembranças contém meus mais profundos infortúnios inclusos.
Impossível permanecer imparcial a este estado intrínseco do meu ser.
Ali atrás, no meu passado conturbado, possivelmente eu dissesse ou até gritasse desesperada e amarguradamente:
“Não! Vás embora de mim! Deixe-me me paz!”

Hoje é bastante possível eu dizer calma de dominantemente:
“Sim, vamos”...