quarta-feira, 11 de novembro de 2009

Quem és?


Não sei quem és tu. Não sei por que viestes aqui. Não sei o que procuras.
Não sei o que desejas. Tu me lês em minhas palavras insanas.
Não tente entendê-las. Nem eu as entendo.
Quanto mais tentar, mais entrará no meu labirinto.
Como eu entrei e estou aqui.
Perdi-me.
Perder-se-á comigo.
Ainda quer continuar? Venha. Ou vá.
Não sou normal. Não tento ser. Você o é? Explique-se.
Porque não sei me explicar. Não sei quem sou. Eu sou assim.
Só sei que sou intensa demais, impulsiva demais.
Não sei dizer se é bom ou ruim. Apenas o sou.
É só isso.
Não me tente decifrar. Não me tente.
Não me tente!
Tenho códigos. Segredos.
É muito complexo. Eu sou complexa. E não sei quem você é.
Existimos. Sabemos. Coexistimos.
E é só o acaso.
Agora estamos ligados. Tu e eu. Nessas palavras insanas.
É atração.Ação e reação. Consecutivamente.
É o que lês, o que pensa e o que julgas.
De mim. Esta sou eu.
Insana demais, impulsiva demais, intensa demais, complexa demais.
Sobriamente insana. Ardentemente intensa. Compulsivamente impulsiva.
Perplexamente complexa. E só. Nada mais.
Entendes? Compreendes?
Não sei quem tu és. Não sei o que queres.
Tu me lês? Minhas palavras?
Minhas letras? Segue minhas letras?
Eu sigo a vida.
Apenas acompanho seus passos.
A dança ininterrupta dos dias. Das horas. Do tempo. Dancei.
Dancei até o abismo. Saltei.
Caí no labirinto.
Perdi-me. Encontrei-me.
Estou aqui. Eu sigo a vida.
A vida é insana. Eu o sou. Quem não é?
Somos um pouco de tudo. E um pouco de nada.
Ou o tudo, ou o nada.
E ainda não é o suficiente. Eu sou o nada.
O vazio. O silêncio.
E insisto dizer que não sei quem sou.
Tu sabes quem és?
Eu não o sei.

sexta-feira, 6 de novembro de 2009

De alguma forma, ainda sinto-me perdida.
Sem cor, desfocada. Não sei se encontrei minh'alma
Ou se ela encontrou a mim. Ou se ainda está perdida.
Ou se era apenas uma das mil alma a que tenho direito.
Sinto-me estranha. Incompleta. Eu... sem mim.
Procuro-me em mim sem nunca me encontrar.
E se me perdi para sempre? E se eu perdi todas as
almas? E se elas não quiserem mais voltar?
Estranha sensação de infinito vazio.
Se saí de mim, não era eu, definitivamente.
O que há de errado? O que está faltando?
Um pouco de tudo. Um pouco de mim.


terça-feira, 3 de novembro de 2009

“...Todo mundo tem segredos.
Ou pelos menos as pessoas interessantes.
Nada mais chato que alguém mapeado, retilíneo, constante, bonzinho, doce, amável.
Para mim, só vale a pena quem tem um cadáver no armário, uma sombra perigosa, um poço fundo.
Pessoas simplórias são como muitos dias de sol seguidos: agradáveis e infinitamente entediantes.É a falta de obviedade desperta a curiosidade.
Não é à toa que os mitos nascem da dualidade, da pouca incidência de clareza sobre sua personalidade: ninguém fica embasbacado pela simplicidade do seu Zé da quitanda (no máximo, enternecido).
Somos fascinados pelo que não entendemos, amamos o desconhecido—
por isso mergulha-se à noite, escala-se o Himalaia, come-se fora de casa, trai-se.
Por isso Jennifer Aniston é apenas uma menina doce enquanto Angelina Jolie, uma semi-deusa conturbada.
Por isso os vilões são mais tesudos que os mocinhos:
é só quando ultrapassamos a barreira do familiar, do seguro, que nos tornamos verdadeiramente pessoas.
Menos ingênuas, é certo, mas completas.Ter segredos é viver intensamente, é a prova de que a realidade é muito mais do que nossos forçados sorrisos de bom dia, o escritório claustrofóbico, o saldo negativo.
Ter segredos é ter coragem de arcar com o peso de ser único. Porque quem não se arrisca, não faz besteira, não vive: apenas gasta o tempo que deveria ser aproveitado apaixonadamente.
Apenas caminha sobre os dias rumo à morte.”


(Texto extraído da net)